Mar Oculto

Saturday, October 07, 2006

Kibakaton Washi media na parede de madeira da casa de árvore improvisada o bruxulear da chama que a vela sustia. Ao lado da sombra irrequieta, outro vulto permanecia quieto e hirto, olhando pela janela humilde o bosque que se estendia diante de si, tentando pescrutar a serpente de shinobis que se movia por entre o escuro rebatido das árvores na relva do chão.

Dame Ryoushi era um homem já habituado a certas coisas, não sendo experiente o suficiente para que o corpo caísse na velhice, era arguto quanto baste por aquilo que já havia passado, compreendia a impaciência das pessoas em geral, a vontade imediata de actuar causada por uma esperança temerária e consequente.

- Senhor...- falou Washi. - Os homens avançam céleres.
Um silêncio manteve-se, Ryoushi mantinha-se atento às subtilezas da paisagem.
- Não nos ordena mais nada, senhor?
- Porquê? - Irromperam finalmente as palavras do homem, vagas e esmorecentes.
- Bem, senhor...- Washi queria arranjar resposta à pergunta tão confusa como objectiva. - ...uma das primeiras nações shinobi que estavam previstas no Acordo Tamaranai Kibun está no nosso horizonte, por agora não temos desenvolvimentos na frente de batalha mas as fraquezas esperadas nas muralhas do inimigo estão como previsto, a ceder.
Um sorriso irrompeu na face de Washi sentindo-se completo pelo alívio a que se impõs ao relatar os acontecimentos a Ryoushi, seu superior.
Mas este continuava sem falar, apenas de moveu da frente da janela, sentando-se na sua berma, o traje negro de shinobi confundia-se com o breu da noite, os olhos do Kage buscaram no alto o brilho das estrelas, luzindo elas no firmamento, voltou a baixar a cabeça.
- Perderemos. - A resposta conclusiva e maquinal de Ryoushi embaraçou o seu subordinado levando este a um desespero oculto, nos olhos quase lacrimejantes falou num tom mais alto que o permitido entre líder e liderado.
- Ryoukikage! Não diga isso, peço! Tenha confiança nos seus soldados, eles são talentosos, perspicazes e esforçados. Não há nada que eles mais desejam que a glória da vitória. Esta batalha foi aquela pela qual esperaram toda uma vida, eles não lhe falharão, prometo!
- Promessas...promessas...esperanças e futuro e felicidade. - Washi estacou perplexo pela atitude que presenciava. - Para que queremos nós a nação de Rosuarata? O que nos levou até lá e o que vamos conseguir com este empreendimento?
- Mas senhor! Esta conquista trará grandes riquezas Hiheishin, poderemos tornar o nosso país próspero e de grande felicidade para os seus habitantes.
- Tal não acontecerá.
- Senhor...porquê tanta desconfiança?
- Nós vamos perder Washi, essa é a razão, não adianta partir em direcção a um destino que sabemos de imediato que nos irá derrotar e rejeitar...mas mesmo assim partimos, temos de partir não é? Que outra solução nos resta? Ficarmos quietos e esperar até que os ventos da História nos tornem de novo pequenos e olvidados. E que tentamos com Rosuarata? Tentar ficar na história daquela nação? Para quê? Não conseguiremos isso, depois da nossa estadia por ali, Arata terá de volta os seus heróis de sempre e memórias amargas que simbolizarão sempre a melancolia oculta daquela gente...nós nunca passaremos de uma citação numa página entre muitas outras, seremos um grão de sal num lago de água doce, e daí não passaremos. A esperança que nos leva é a mesma de todos os homens, ficar na história de quem mais próximo estão, de quem mais próximos querem estar, mas há vezes em que o destino não nos permite essa última réstia de imortalidade. Ao entrarmos nestas campanhas de sorriso confiante e saindo de sorriso agridoce estamos lentamente a eliminar a orgulho que nos resta. A mim já não me importa um sorriso, um coração ardente de glória. Chega...retiremo-nos, nunca ficaremos no coração da história desta nação, ela terá sempre os mesmos heróis que, inevitavelmente, serão mais fortes do que nós no imaginário desta gente.
- Ryoukikagure...
- Perdemos...não é a primeira vez que tal acontece, mas não quero mais ver o que é da minha nação a acatar mais lanhos por uma felicidade que nunca alcançaremos.

- NJRT

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